Ando perdida nestes sonhos verdes 
De ter nascido e não saber quem sou, 
Ando ceguinha a tatear paredes 
E nem ao menos sei quem me cegou! 
Não vejo nada, tudo é morto e vago... 
E a minha alma cega, ao abandono 
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago 
´Stendendo as asas brancas cor do sonho... 
Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo 
E não ver nada nesse mar sem fundo, 
Poetas meus irmãos, que triste sorte!... 
E chamam-nos a nós Iluminados! 
Pobres cegos sem culpas, sem pecados, 
A sofrer pelos outros té à morte! 
Florbela Espanca

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