"A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Uma carta de despedida...
... impressionante, que pode ser lida aqui...
http://observador.pt/2014/10/28/comovente-carta-de-despedida-da-iraniana-que-foi-enforcada/
http://observador.pt/2014/10/28/comovente-carta-de-despedida-da-iraniana-que-foi-enforcada/
domingo, 26 de outubro de 2014
A neve continua cair…
… e as arvores que ainda não perderam todas os folhas
cederam ao peso…
... muitas estradas estão cortadas e vilas sem electricidade…
...
leste a neve foi substituída pela chuva, ameaçando várias ribeiras saírem do
leito… e o mar bravo, levando vítimas...
... muitas estradas estão cortadas e vilas sem electricidade…
Hoje foi do dia do Santo Dimiter, dia considerado como início
do inverno – frio e neve… E este ano acertou…
sábado, 25 de outubro de 2014
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
A Melhor Maneira de Viajar é Sentir ...
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,
Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam
Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,
Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.
Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!
Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,
Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.
Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.
Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.
Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte...
Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.
Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,
A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.
Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!
Álvaro de Campos
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,
Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam
Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,
Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.
Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!
Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,
Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.
Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.
Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.
Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte...
Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.
Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,
A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.
Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!
Álvaro de Campos
domingo, 19 de outubro de 2014
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
domingo, 5 de outubro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
O Salvador Disto Tudo
Uma opinião com qual não descordo...
António Costa definiu este domingo como o primeiro dia dos últimos dias do Governo. De facto, estamos é perante o último dia de Costa, o Dom Sebastião, e o primeiro dia de alguma coisa de que precisamos, mas que não sabemos ainda bem o que é.
O futuro ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa passou esta campanha interna embrenhado numa disputa de popularidade, até porque se discutiu sobretudo personalidades e estados de alma, e não necessariamente grandes diferenças programáticas. Fê-lo sem se comprometer com quaisquer promessas relevantes, o que é de aplaudir, mas que tem como reverso o facto de se ter refugiado em banalidades líricas como o crescimento económico e apostas irrelevantes como a restauração do Ministério da Cultura.
Do que poderá ser enquanto eventual futuro primeiro-ministro, a apreciação começa agora e, naturalmente, se e quando ele for eleito.
De resto, tudo o que podemos para já intuir vem do seu percurso político. A passagem pelo Governo de José Sócrates mostrou um político competente, hábil e cauteloso, vogando ao sabor das marés que tanto embalaram esse Executivo como o atiraram contra as pedras dos seus próprios equívocos. Costa soube apoiar e estar presente quando era de feição, e soube refugiar-se quando era conveniente. Saiu do desastre socialista mais experiente e ileso.
À frente da Câmara Municipal de Lisboa, o balanço que posso fazer é enquanto morador desta cidade: a verdade é que, para quem cá mora e trabalha, nada mudou para melhor, embora naturalmente nem tudo dependa da acção de António Costa.
Os transportes estão piores, em qualidade e quantidade; a segurança não melhorou; a limpeza é o que se vê, com a cidade mais suja em muitos anos; a habitação animou com a mexida da lei do arrendamento, mas a reabilitação é insuficiente e colocada no mercado a preços exorbitantes; as estradas proporcionam emocionantes percursos radicais, mas não dão grande saúde aos carros e seus ocupantes; a cidade alaga de cada vez que alguém cospe para o chão.
Se queremos falar de obra feita, daquela que interessa aos cidadãos, o balanço fica muito aquém para quem é apontado como o SDT, o Salvador Disto Tudo. À frente da cidade, Costa gastou o seu tempo e as suas energias em coisas giras, mas irrelevantes: muita corridinha na Avenida da Liberdade; muito piquenicão; uma acupunctura no Intendente, enquanto o resto apodrece; perseguição paranóica aos automobilistas, esses perigosos facínoras que é preciso derrotar com o imposto diário da municipal EMEL e cuja paciência é testada com requintes de sadismo pelo Executivo camarário.
O mandato de António Costa lembrou-me as campanhas de Luiz Felipe Scolari à frente da Selecção Nacional: muita conversa, muita cantoria, muita bandeirinha à janela e muita Senhora do Caravaggio, mas quando foi preciso mexer na táctica a coisa rapidamente deu para o torto.
Costa, inebriado pela mais dócil imprensa de que há memória, deixou-se adormecer nesta pose, como se isso chegasse, como se ele não fosse capaz de mais ou não tivesse, por isso, a obrigação de dar mais e melhor. Talvez tenha chegado para ganhar eleições e ganhou-as de forma esmagadora. Mas temo que não chegue para todo o trabalho de que este País necessita.
A tentação da estratégia da conversa mole até é grande, porque o Governo pode perder sozinho sem ser preciso empurrar muito. Mas o que se exige a alguém com as capacidades políticas de António Costa - e que ostenta aos ombros o manto mágico da infalibilidade - é que seja tudo quanto pode ser, e não se limite a ser do contra em nome do resgate de uma narrativa tão errada como a de Passos Coelho.
O País não vai lá com meia dúzia de ciclovias e uma pintura de fachada.
É hora de o Salvador Disto Tudo mostrar o que vale.
Do que poderá ser enquanto eventual futuro primeiro-ministro, a apreciação começa agora e, naturalmente, se e quando ele for eleito.
De resto, tudo o que podemos para já intuir vem do seu percurso político. A passagem pelo Governo de José Sócrates mostrou um político competente, hábil e cauteloso, vogando ao sabor das marés que tanto embalaram esse Executivo como o atiraram contra as pedras dos seus próprios equívocos. Costa soube apoiar e estar presente quando era de feição, e soube refugiar-se quando era conveniente. Saiu do desastre socialista mais experiente e ileso.
À frente da Câmara Municipal de Lisboa, o balanço que posso fazer é enquanto morador desta cidade: a verdade é que, para quem cá mora e trabalha, nada mudou para melhor, embora naturalmente nem tudo dependa da acção de António Costa.
Os transportes estão piores, em qualidade e quantidade; a segurança não melhorou; a limpeza é o que se vê, com a cidade mais suja em muitos anos; a habitação animou com a mexida da lei do arrendamento, mas a reabilitação é insuficiente e colocada no mercado a preços exorbitantes; as estradas proporcionam emocionantes percursos radicais, mas não dão grande saúde aos carros e seus ocupantes; a cidade alaga de cada vez que alguém cospe para o chão.
Se queremos falar de obra feita, daquela que interessa aos cidadãos, o balanço fica muito aquém para quem é apontado como o SDT, o Salvador Disto Tudo. À frente da cidade, Costa gastou o seu tempo e as suas energias em coisas giras, mas irrelevantes: muita corridinha na Avenida da Liberdade; muito piquenicão; uma acupunctura no Intendente, enquanto o resto apodrece; perseguição paranóica aos automobilistas, esses perigosos facínoras que é preciso derrotar com o imposto diário da municipal EMEL e cuja paciência é testada com requintes de sadismo pelo Executivo camarário.
O mandato de António Costa lembrou-me as campanhas de Luiz Felipe Scolari à frente da Selecção Nacional: muita conversa, muita cantoria, muita bandeirinha à janela e muita Senhora do Caravaggio, mas quando foi preciso mexer na táctica a coisa rapidamente deu para o torto.
Costa, inebriado pela mais dócil imprensa de que há memória, deixou-se adormecer nesta pose, como se isso chegasse, como se ele não fosse capaz de mais ou não tivesse, por isso, a obrigação de dar mais e melhor. Talvez tenha chegado para ganhar eleições e ganhou-as de forma esmagadora. Mas temo que não chegue para todo o trabalho de que este País necessita.
A tentação da estratégia da conversa mole até é grande, porque o Governo pode perder sozinho sem ser preciso empurrar muito. Mas o que se exige a alguém com as capacidades políticas de António Costa - e que ostenta aos ombros o manto mágico da infalibilidade - é que seja tudo quanto pode ser, e não se limite a ser do contra em nome do resgate de uma narrativa tão errada como a de Passos Coelho.
O País não vai lá com meia dúzia de ciclovias e uma pintura de fachada.
É hora de o Salvador Disto Tudo mostrar o que vale.
(Tiago Freire)
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