Amizade na Empatia Divergente
As pessoas que mais admiro são aquelas que melhor divergem da
minha pessoa. Claro está, só se diverge de outrem dentro do que nos é comum.
Porque há quem nada tenha de comum connosco, nem sequer a própria existência e a
mesma humanidade. E não esqueçamos que o espaço e o tempo são aparências por
nós fabricadas para dar passo ao espírito e não lenha para nos queimarmos. Ao
mesmo tempo e no mesmo espaço podem juntar-se as pessoas mais alheias entre si
e como não acontece na História em tempos e espaços diferentes. A
universalidade humana é tão vária que pode um satisfazer inteiramente a sua e
sem que lhe passe sequer pela cabeça a de outro que satisfaça também
completamente a dele.
O tempo de cada qual é o justo para si. Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem. De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco. Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer. Só o mistério chega inteiro ao fim.
O tempo de cada qual é o justo para si. Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem. De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco. Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer. Só o mistério chega inteiro ao fim.
Almada Negreiros
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