"A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
terça-feira, 28 de novembro de 2017
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Countdown... 8º dia
Hora que Passa
Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu Errante que a ninguém faz dó!
Minh'alma triste, dolorida, escura,
Minh'alma sem amor é cinza, é pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão funda no meu peito!...
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre...
O instante que foge, voa, e passa...
Fiozinho d'água triste... a vida corre...
Bem como um cão sem dono e que o procura
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu Errante que a ninguém faz dó!
Minh'alma triste, dolorida, escura,
Minh'alma sem amor é cinza, é pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão funda no meu peito!...
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre...
O instante que foge, voa, e passa...
Fiozinho d'água triste... a vida corre...
Florbela Espanca
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Countdown... 9º dia
O Andaime
O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!
Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.
A ‘sp’rança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobre mais que minha ‘s’prança,
Rola mais que o meu desejo.
Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam — verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.
Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.
Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!
Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido.
Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só lembranças —
Mortas, porque hão de morrer.
Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim —
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser — muro
Do meu deserto jardim.
Ondas passadas, levai-me
Para o alvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!
Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.
A ‘sp’rança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobre mais que minha ‘s’prança,
Rola mais que o meu desejo.
Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam — verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.
Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.
Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!
Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido.
Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só lembranças —
Mortas, porque hão de morrer.
Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim —
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser — muro
Do meu deserto jardim.
Ondas passadas, levai-me
Para o alvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.
Fernando
Pessoa
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
terça-feira, 14 de novembro de 2017
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
terça-feira, 31 de outubro de 2017
Countdown... 18º dia
Ansiedade
tão difícil de lidar
que parece maldade
em casos mais graves
causa insanidade
tão difícil de lidar
que parece maldade
em casos mais graves
causa insanidade
Se formar
Trabalhar
Viajar
Namorar
Casar
Trabalhar
Viajar
Namorar
Casar
Parem de pressionar!
A tristeza vem
Paralisa a mente
Sufoca o coração
E quando ver
Está doente...
Paralisa a mente
Sufoca o coração
E quando ver
Está doente...
Calma, deixa eu respirar…
O novo mal da humanidade
Tem velhos remédios
Esperança, amor
E alguém
Com muita
Reciprocidade...
Tem velhos remédios
Esperança, amor
E alguém
Com muita
Reciprocidade...
Hugo Nery
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
terça-feira, 17 de outubro de 2017
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
sábado, 7 de outubro de 2017
domingo, 17 de setembro de 2017
MY GET-UP-AND-GO HAS GOT UP AND WENT
Old age is golden, or so I’ve heard said,
But sometimes I wonder, as I crawl into bed,
With my ears in a drawer, my teeth in a cup,
My eyes on the table until I wake up.
As sleep dims my vision, I say to myself:
Is there anything else I should lay on the shelf?
But, though nations are warring, and Congress is vexed,
We’ll still stick around to see what happens next!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been!
When I was young, my slippers were red;
I could kick up my heels right over my head.
When I was older my slippers were blue,
But still I could dance the whole night through.
Now I am older, my slippers are black.
I huff to the store and puff my way back.
But never you laugh; I don’t mind at all:
I’d rather be huffing than not puff at all!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been!
I get up each morning and dust off my wits,
Open the paper, and read the Obits.
If I’m not there, I know I’m not dead,
So I eat a good breakfast and go back to bed!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been...
Anonymous…
Found a note: Although Pete Seeger sang these lyrics in concert, he did not write them. Many variations can be found on the Web, most of which say “anonymous,” but it is sometimes attributed to Ebby Rose, Art Davis, G.A. Davis, Marian Johnson, Len Ingebrigtsen, Mary Ellen Garrett Ince, and Phyllys R. Burchill.
But sometimes I wonder, as I crawl into bed,
With my ears in a drawer, my teeth in a cup,
My eyes on the table until I wake up.
As sleep dims my vision, I say to myself:
Is there anything else I should lay on the shelf?
But, though nations are warring, and Congress is vexed,
We’ll still stick around to see what happens next!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been!
When I was young, my slippers were red;
I could kick up my heels right over my head.
When I was older my slippers were blue,
But still I could dance the whole night through.
Now I am older, my slippers are black.
I huff to the store and puff my way back.
But never you laugh; I don’t mind at all:
I’d rather be huffing than not puff at all!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been!
I get up each morning and dust off my wits,
Open the paper, and read the Obits.
If I’m not there, I know I’m not dead,
So I eat a good breakfast and go back to bed!
How do I know my youth is all spent?
My get-up-and-go has got up and went!
But, in spite of it all, I’m able to grin
And think of the places my getup has been...
Anonymous…
Found a note: Although Pete Seeger sang these lyrics in concert, he did not write them. Many variations can be found on the Web, most of which say “anonymous,” but it is sometimes attributed to Ebby Rose, Art Davis, G.A. Davis, Marian Johnson, Len Ingebrigtsen, Mary Ellen Garrett Ince, and Phyllys R. Burchill.
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Como dizia o poeta...
Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não...
Vinícius de Moraes
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não...
Vinícius de Moraes
domingo, 10 de setembro de 2017
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Amador sem coisa amada...
Resolvi
andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.
António Gedeão
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
Quando
a angústia embaciar
de
tédio os olhos vidrados,olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Amador
sem coisa amada,
aprendiz
colegial.Sou amador da existência,
não chego a profissional.
António Gedeão
Poema do Alegre Desespero
Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,
ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.
Compreende-se.
E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio.
Compreende-se.
Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.
Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.
E o nosso sofrimento para que serviu afinal?
António Gedeão
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,
ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.
Compreende-se.
E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heraclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio.
Compreende-se.
Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.
Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.
E o nosso sofrimento para que serviu afinal?
António Gedeão
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Aviso à navegação!
Alto lá!
Aviso à navegação!
Eu não morri:
Estou aqui
na ilha sem nome,
sem latitude nem longitude,
perdida nos mapas,
perdida no mar Tenebroso!
Sim, eu,
o perigo para a navegação!
o dos saques e das abordagens,
o capitão da fragata
cem vezes torpedeada,
cem vezes afundada,
mas sempre ressuscitada!
Eu que aportei
com os porões inundados,
as torres desmoronadas,
os mastros e os lemes quebrados
- mas aportei!
Aviso à navegação:
Não espereis de mim a paz!
Que quanto mais me afundo
maior é a minha ânsia de salvar-me!
Que quanto mais um golpe me decepa
maior é a minha força de lutar!
Não espereis de mim a paz!
Que na guerra
só conheço dois destinos:
ou vencer – ai dos vencidos! –
ou morrer sob os escombros
da luta que alevantei!
- (Foi jeito que me ficou
não me sei desinteressar
do jogo que me jogar.)
Não espereis de mim a paz,
aviso à navegação!
Não espereis de mim a paz
que vos não sei perdoar!
Joaquim Namorado
Aviso à navegação!
Eu não morri:
Estou aqui
na ilha sem nome,
sem latitude nem longitude,
perdida nos mapas,
perdida no mar Tenebroso!
Sim, eu,
o perigo para a navegação!
o dos saques e das abordagens,
o capitão da fragata
cem vezes torpedeada,
cem vezes afundada,
mas sempre ressuscitada!
Eu que aportei
com os porões inundados,
as torres desmoronadas,
os mastros e os lemes quebrados
- mas aportei!
Aviso à navegação:
Não espereis de mim a paz!
Que quanto mais me afundo
maior é a minha ânsia de salvar-me!
Que quanto mais um golpe me decepa
maior é a minha força de lutar!
Não espereis de mim a paz!
Que na guerra
só conheço dois destinos:
ou vencer – ai dos vencidos! –
ou morrer sob os escombros
da luta que alevantei!
- (Foi jeito que me ficou
não me sei desinteressar
do jogo que me jogar.)
Não espereis de mim a paz,
aviso à navegação!
Não espereis de mim a paz
que vos não sei perdoar!
Joaquim Namorado
terça-feira, 29 de agosto de 2017
Bati no Fundo
Estou cansado!
Não suporto nada
Nem mesmo a almofada.
A minha vida é uma dança
Onde os passos estão trocados
Ou talvez não estejam,
Fui eu quem dançou demais
E como para todos, os passos são iguais
É a idade que não é mesma.
Se dançar não posso
Andar ainda consigo
Mas fui batido por uma lesma
Que fez uma corrida comigo.
Depois, estes últimos dias
O moral bateu no fundo
Para dizer com franqueza
Não sei por quanto tempo
Ainda andarei neste mundo.
Até talvez seja melhor assim
Pois que digo cá para mim
Que para fazer bem o faço mal
Em vez de poder salvar
Fiz com que caíssem no fosso.
E eu encontro-me no escuro
Bem ao fundo de um poço.
Alberto da Fonseca
Não suporto nada
Nem mesmo a almofada.
A minha vida é uma dança
Onde os passos estão trocados
Ou talvez não estejam,
Fui eu quem dançou demais
E como para todos, os passos são iguais
É a idade que não é mesma.
Se dançar não posso
Andar ainda consigo
Mas fui batido por uma lesma
Que fez uma corrida comigo.
Depois, estes últimos dias
O moral bateu no fundo
Para dizer com franqueza
Não sei por quanto tempo
Ainda andarei neste mundo.
Até talvez seja melhor assim
Pois que digo cá para mim
Que para fazer bem o faço mal
Em vez de poder salvar
Fiz com que caíssem no fosso.
E eu encontro-me no escuro
Bem ao fundo de um poço.
Alberto da Fonseca
O Espelho...
Olhei para o meu espelhoE vi um homem que me parecia velho.
Coloquei os meus óculos,
Meu Deus... mas sou eu!
Fiquei incomodado
Não por ser eu!...
A minha consciência interroguei;
Sem óculos, quantas pessoas
Infelizmente eu já mal julguei?
Antes de se julgar quem quer que seja,
Devemos primeiro nos interrogarmos a nós mesmos
e se tivermos consciência, nos julgarmos.
Todos nós sem excepção, temos uma nódoa em qualquer parte.
Alberto da fonseca
Dreams...
Hold fast to dreams
For if dreams die
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.
Hold fast to dreams
For when dreams go
Life is a barren field
Frozen with snow.
Langston Hughes
For if dreams die
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.
Hold fast to dreams
For when dreams go
Life is a barren field
Frozen with snow.
Langston Hughes
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego…
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece…
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Fernando Pessoa
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego…
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece…
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Fernando Pessoa
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Quero...
Quero uma solidão, quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo - libertar-me
das paredes, de tudo que aprisiona...
atravessar demoras, vencer tempos
pululantes de enredos e tropeços,
quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias vagamente erguidas...
Ser tua sombra, tua sombra, apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitada.
Falar contigo pelo deserto.
Cecilia Meireles
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo - libertar-me
das paredes, de tudo que aprisiona...
atravessar demoras, vencer tempos
pululantes de enredos e tropeços,
quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias vagamente erguidas...
Ser tua sombra, tua sombra, apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitada.
Falar contigo pelo deserto.
Cecilia Meireles
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Tristeza não tem fim…
Felicidade, sim...
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tao leve Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar...
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval,
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
de rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta feira
Tristeza não tem fim Felicidade, sim...
A felicidade é como a gota de orvalho
Numa pétala de flor
Brilha tranquila Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
E como esta noite
Passando, passando...
Em busca da madrugada
Falem baixo por favor
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim…
Tom Jobim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tao leve Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar...
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval,
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
de rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta feira
Tristeza não tem fim Felicidade, sim...
A felicidade é como a gota de orvalho
Numa pétala de flor
Brilha tranquila Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
E como esta noite
Passando, passando...
Em busca da madrugada
Falem baixo por favor
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim…
Tom Jobim
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Lido por ai...
O meu mundo
não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de
infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe
de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá
de quê!
Florbela Espanca
domingo, 20 de agosto de 2017
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
Dorme, que a Vida é Nada!
Dorme,
que a vida é nada!
Dorme, que tudo é vão!
Se alguém achou a estrada,
Achou-a em confusão,
Com a alma enganada
Não há lugar nem dia
Para quem quer achar,
Nem paz nem alegria
Para quem, por amar,
Em quem ama confia.
Melhor entre onde os ramos
Tecem docéis sem ser
Ficar como ficamos,
Sem pensar nem querer,
Dando o que nunca damos.
Fernando Pessoa
Dorme, que tudo é vão!
Se alguém achou a estrada,
Achou-a em confusão,
Com a alma enganada
Não há lugar nem dia
Para quem quer achar,
Nem paz nem alegria
Para quem, por amar,
Em quem ama confia.
Melhor entre onde os ramos
Tecem docéis sem ser
Ficar como ficamos,
Sem pensar nem querer,
Dando o que nunca damos.
Fernando Pessoa
Mood...
Não, não
é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito.
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito.
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
Álvaro
de Campos
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
A vontade…
… de muitos, depois da últimas declarações e lendo este
artigo - http://www.msn.com/pt-pt/financas/finance-luxury-for-him/as-mil-e-uma-vidas-de-patrick-drahi/ar-AApZo6V?li=BBoPWjC
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Triste...
... Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Fernando Pessoa
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
Fernando Pessoa
Encontrei...
Conquista
Livre não sou, que nem a própria vidaMo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
Miguel Torga
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
terça-feira, 1 de agosto de 2017
segunda-feira, 3 de julho de 2017
E por vezes...
...por causa dum livro descobri este poema…
David
Mourão-Ferreira
E
por vezes as noites duram meses
E
por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca
mais são os mesmos E por vezes
encontramos
de nós em poucos meses
o
que a noite nos fez em muitos anos
E
por vezes fingimos que lembramos
E
por vezes lembramos que por vezes
ao
tomarmos o gosto aos oceanos
só
o sarro das noites não dos meses
lá
no fundo dos copos encontramos
E
por vezes sorrimos ou choramos
E
por vezes por vezes ah por vezes
num
segundo se evolam tantos anos
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