Quando olho
para mim não me percebo
Quando olho
para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que
respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca
propriamente reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me
julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Álvaro de
Campos
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