domingo, 29 de abril de 2012

Pior Velhice


Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam, em voz rouca,
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer!

A Vida, que ao nascer, enfeita e touca
De alvas rosas a fronte da mulher,
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer!

E dizem que sou nova ... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!

Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova ... outrora ...


Florbela Espanca

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Palco do Tempo

É o palco do tempo
Sem tempo a mais
São voltas ás voltas
Por querer sempre mais

É um verso atrás
Um degrau que não viu
São curvas as rectas
Num final não vazio

É o palco do tempo
Sobre o tempo a mais
São voltas à espera
Que não vivendo mais...

As teias...

e já ha peticão - http://www.peticaopublica.com/?pi=donosP... e eu vou ler é o meu livro que já comprei...

A saga...

... dos Donos de Portugal continua...
Para ver segue o link
http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13427620/1, mas terá direito a curta publicidade antes… paciência…


Boa noite

sábado, 28 de abril de 2012

The World According to Israel

Para quem não..

... viu o filme esta semana na RTP2…
Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. Para quem quer ver o filme pode visitar http://www.donosdeportugal.net/ e ler
Fui a procura do livro Donos de Portugal, editado em 2010, mas não consegui… Vou é a feira do Livro, pode ser que tenho mais sorte… ou então...a net.

Bons sonhos...

... e ainda melhor fim-de-semana

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Depois do artigo publicado há dias...

.... Nação valente e imortal... http://economiadestaque.blogspot.pt/2012/04/portugal-visto-por-lobo-antunes.html, veio esse… que magoa e sarcasmo…

Pensamento positivo, meu amigo, pensamento positivo
Aos quarenta e cinco anos quem me dá trabalho? Ninguém, claro. É capaz de haver uns contentores de lixo com restos de comida, e também se podem comer os filhos, como propunha Swift para combater a fome na Irlanda. E quando os filhos se acabarem coma-se a si mesmo. Ossinhos dos dedos chupados um a um.

Nunca me foi tão difícil escrever uma crónica: três dias a rasgar papel. Normalmente fico uma hora ou isso, de caneta suspensa, e depois as palavras começam a sair sozinhas. Esta não, e já estou farto de deitar frases para o lixo. Julgo que se deve ao facto de ter demasiadas coisas dentro de mim, de viver uma altura difícil, de me achar melancólico e revoltado. Melancólico com a minha situação, revoltado com a situação do meu país. É raro o dia em que não me pedem

- Não me arranja um emprego?

a mim, que não possuo poder nenhum, e lá fico a ouvir histórias desesperadas e tristes. Os portugueses estão a sofrer muito, e o sofrimento dos portugueses é mais importante do que o meu: que direito tenho de me queixar seja do que for? Quanto a mim não consigo fazer nada, quanto aos outros a minha importância colectiva é nula. Um amigo médico, por exemplo

- Fale do que se está a passar na Saúde

como se aquilo que eu escrevesse mudasse alguma coisa. Não muda. Sou apenas um homem que faz livros, preso por um contrato que assinei sem ler, como de costume, a uma editora que me não agrada. Não tenho grandes ilusões. Nem pequenas, aliás. A árvore, em frente da minha janela perdeu as folhas: ramos torcidos, sombras de pássaros nem sonhar. Eu reflectido no vidro, sentado a esta mesa. Esferográficas, páginas, uma lupa, porque as primeiras versões são numa letrinha minúscula que, por vezes, me custa ler. Trago uma espada no peito. Volta e meia torce-se nos pulmões. E lá está a crónica a resistir. Não quer ser feita, tem a consciência de não valer grande coisa. E, mesmo que valesse grande coisa, o que valia? Não há imortalidade: há o silêncio que se vai espessando à volta de um nome, até o nome desaparecer por inteiro. E, até desaparecer, tanta inveja, tanta mesquinhez, tanta patetice. Para quê? A nossa existência é um pequeno evento pedestre: quem se rala? Os outros, por muito que nos queiram, estão de fora. E, depois, partem, construindo-se uma nova alma. Aqueles de quem gostei tornaram-se ausências que se estreitam. Continuo a lembrar-me deles: vai doendo menos. Vai doendo menos? Vai doendo menos. Quem se lembrará de eu pequeno?

- Fale do que se está a passar na Saúde

e qual saúde, Zé? A nossa, a dos outros? Lembro-me que na primeira urgência interna que fiz no Hospital de Santa Maria, depois do curso, morreram seis doentes. Um médico, no dia seguinte

- Eh pá você bateu o record

e eu, que era um miúdo, atarantado com a minha proeza.

- Não me arranja um emprego?

porque o subsídio acaba daqui a nada e depois o que faço eu, diga lá? Aos quarenta e cinco anos quem me dá trabalho? Ninguém, claro. É capaz de haver uns contentores do lixo com restos de comida, e também se podem comer os filhos, como propunha Swift para combater a fome na Irlanda. E quando os filhos se acabarem coma-se a si mesmo. Ossinhos dos dedos chupados um a um. Nunca me foi tão difícil escrever uma crónica. Olhe, já agora experimente comê-la embora deva saber mal como rabo de gato e não alimente nada. Estou a compor isto enjoado de mim, embora tenha batido um record. Seis pessoas é obra. Aguenta mais um mês, António, e logo sabes. Talvez te comam numa urgência interna.

- Como se chamava aquele?

- Não me vem agora o nome mas escrevia livros.

- Desses que a gente gosta?

- Não, dos complicados, dos que dão trabalho.

Livros que não falavam, ouviam. Eu prefiro coisas que distraiam, para maçadas basta a vida. Conselho de um editor

- Publique histórias leves, histórias que distraiam

E tem razão, para maçadas basta a vida, dêem-me episódios que me divirtam, que chumbada pensar.

- Não me arranja um emprego?

um emprego, um empregozinho, dinheiro para pagar as contas, seja o que for preferível a esta angústia, tudo é preferível a esta angústia. E tem razão. Tudo é preferível a esta angústia, tudo é preferível a esta miséria.

- Fale da Saúde

fale da Saúde, da electricidade, dos transportes, da prestação da casa, da prestação do carro, da prestação da máquina de lavar, dos preços no supermercado, dos sapatos que o meu marido precisa, da penúria em que ando. Isto não é uma crónica, é um gemido indistinto, a minha mãe

- Não compraste umas hortaliças, filho?

o carro parado há dois meses que não há para a gasolina. Já não haverá mais para a gasolina. Talvez para uma garrafinha de petróleo

(pode ser que exista quem fie)

verter a garrafa em cima de mim e chegar-lhe um fósforo. Depois uns tempos na enfermaria até as queimaduras do terceiro grau resolverem o assunto. E não é preciso emprego. Quer dizer, já não é preciso emprego. Quer dizer, já não é preciso preocuparmo-nos com a saúde. Já não é preciso comer o filho. Já não é preciso comer nada. Nem acabar esta crónica. Nem rasgar papel. Nem deitar períodos para o lixo. Nem estar à espera do exame no mês de abril. Nem ter demasiadas coisas dentro. Nem de não estar satisfeito com a editora que, essa sim, ficará satisfeita dado que quando um escritor pifa vende mais e é maçador falar nisto mas vender é importante. A cultura é muito bonita porém, como deve calcular, como suponho que calcula, como calcula com certeza, é necessário ganhar a vidinha. Nunca lhe foi tão difícil escrever uma crónica? Pois olhe, já a terminou, vê, você lamenta-se, lamenta-se, mas acaba por cumprir o trabalho. Muito gostam os artistas de choramingarem.

António Lobo Antunes

Sleep well...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A festa acabou…

… e durante o jantar as minhas filhas decidiram ‘oferecer-me’  estas canções, pela ordem… porquê?... assim e não entendi









… mas deve ter sido mera coincidência…

Viver...

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.


Álvaro de Campos

Um pensamento...

Você já se arrependeu de, em determinadas circunstâncias, não ter tomado atitudes que viessem, de alguma forma, melhorar sua vida?

Todos nós, quando fazemos exame de consciência, lembramos de vários 'agoras' que foram perdidos e que não voltam mais.
Que o arrependimento de não ter tido, não ter sido, não ter feito, não ter aceito, costuma ser doloroso e profundo.

Na realidade, o que nos impede, na maioria das vezes, de ter o que queremos, ser o que sonhamos, fazer o que pensamos e aceitar com o coração é a ousadia que não cultivamos.
A ousadia é, geralmente, escrava do medo...

Quantas vezes perdemos a oportunidade de sermos felizes, pelo medo de ter ousadia de amar;
Medo de ousar porque o objeto do amor era mais bonito, mais alto, mais rico, mais jovem, mais culto...
E aí, o tempo passou e o agora também.

Quantas vezes perdemos a oportunidade de realizar um grande sonho, por não termos coragem de ousar, de arriscar deixando para depois ou para mais tarde o que deveria ser naquele agora?
Quantas vezes não pronunciamos, no momento oportuno, as palavras que gostaríamos de dizer, pelo medo de parecermos ridículos e imaturos?
Quantas vezes ficamos por medo de partir?
Quantas vezes partimos por medo de ficar?
Quantas vezes dizemos baixinho o que na verdade gostaríamos de gritar?
Quantos 'agoras' perdemos esquecendo que o risco pode ser a salvação de muitas alegrias de nossas vidas?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

E os carros...

… defendiam os valores de Abril – saúde, salários, educação, serviços… Liberdade!







Encontrei muitos slogans...

… todos queriam transmitir o descontentamento… mesmo que pacífico…










BPN e Bilderberg presentes...

Eram muitas as pessoas que a chuva não assustou…

A Avenida cheia

Não se via o fim

O convívio...

Cópia que lembra o passado....

De todas as idades..

... em demonstração pacífica



... cada um com o seu pensamento...

Hoje desci...

... a Avenida da Liberdade... e o Rossio estava cheia a cantar a Grândola…


Dário, o minoritário

... mais um atrigo de opinião do Pedro Santos Guerreiro, que explica uma parte da 'bolha'...

Dário anda nisto há muitos anos. Tantos que ainda se lembra do tempo em que ganhava muito dinheiro em Bolsa. Mas agora Dário anda confuso. Vê bancos comprados sem OPA, cimenteiras vendidas à porta fechada, dividendos que já não são divididos, coisas perpétuas que morrem. Dário, o minoritário, relê os livros e não encontra resposta: onde errou Dário?

Dário anda nisto há muitos anos. Tantos que ainda se lembra do tempo em que ganhava muito dinheiro em Bolsa. Mas agora Dário anda confuso. Vê bancos comprados sem OPA, cimenteiras vendidas à porta fechada, dividendos que já não são divididos, coisas perpétuas que morrem. Dário, o minoritário, relê os livros e não encontra resposta: onde errou Dário?

Dário, temerário, foi um dos 700 mil portugueses que começou a investir em Bolsa com a privatização da EDP, nos anos 90. Ganhou 30% no primeiro dia. "Espectáculo!", pensou Dário, "nasci para isto". E assim, durante anos, Dário não era bem Dário, era milionário. As acções subiam sobre uma bolha que ele não percebia, mas como era beneficiário, não fazia perguntas, só fazia contas. A bolha estoiraria e Dário, o perdulário, decidiu não ser mais corsário. Doravante aprenderia as regras, a prudência e o dicionário. E foi estudar. Ler. Aprender. E cumpriu.

Dário, o apartidário, diversificou a carteira, tirou os ovos do mesmo cesto, sabendo que o risco assim desce, mesmo que desça também a rendibilidade esperada. Dário mediu os "price-earnings", ponderou as dívidas sobre os EBITDA, calculou os betas, leu os relatórios e avaliou os "dividend yields". E assim Dário, o visionário, investiu em banca, em acções do BPI e em obrigações perpétuas do BCP e do BES; comprou Brisa por causa do dividendo estável; a Cimpor pelo ângulo especulativo; a REN porque era segura, a EDP pela internacionalização, a Galp pelo futuro. Depois, relaxou: não há erro no receituário!

Agora, Dário fica incrédulo quando lê este diário. A La Caixa passou a deter 48% do BPI, saltando a barreira dos 33%, e não há OPA?! Mas como, se é uma óbvia posição de controlo, ainda por cima com o alinhamento do Allianz? Como, se nunca a CMVM tinha antes dito que as limitações estatutárias são razão para dispensa de OPA? Dário consegue, enfim, perceber que numa Jerónimo Martins um accionista com 40% não poderia mandar, pois a família Soares dos Santos continuaria a controlar com 56%. Mas... no BPI?

Calma, Dário, sim, é extraordinário, mas é coisa de bom empresário. Sim, retorque Dário, mas e a Brisa? Nessa há OPA, mas é como se não houvesse: o preço é abaixo do cão que está a pagá-la com o seu pêlo: o pêlo do cão e o pêlo do Dário. Porque o dividendo foi suspenso, o ordinário, já não sai da empresa. Como?! Pois, Dário, o mundo mudou, há que ser evolucionário. E na Cimpor, questiona Dário, suspenderam a Assembleia Geral para não pagar o dividendo? Mas então... a OPA é baratinha, já está acertada com o Governo, o Governo manda na Caixa, a Caixa manda no BCP, ambos mandam em Manuel Fino, se é assim, então e o minoritário?!

Dário acredita nas pessoas, se lhe dizem que o negócio da Cimpor não estava fechado antes de ser lançada a OPA, ele acredita, acredita no Governo, na Caixa e na Camargo, são pessoas de bem. Mas caramba, pensa Dário, a linha do tempo perdeu a continuidade: no dia 30 de Março, às 16:36, o Negócios noticiou o lançamento da OPA; às 17:14 o Negócios diz que o Governo já deu o acordo de venda da posição da Caixa; só às 21:00 é que a OPA é comunicada oficialmente; e 26 minutos depois a Caixa comunica que vai vender. Dário interroga-se: como é que é que a Caixa responde em 26 minutos que venderia a Cimpor, depois diz que não tinha decidido antes das 21 horas, mas também garantiu que não toma decisões dessas em 26 minutos? Dário esfrega os olhos para ver se acorda. Mas outra coisa não lhe sai da cabeça: como é que o Negócios noticia às 17:14 uma decisão que a Caixa diz só ter tomado depois das 21:00?! Como nem passa pela cabeça de Dário duvidar de quem jura que não houve concertação, só há uma solução: há um bruxo no Negócios!

Dário está perdido, sente-se num infantário. Umas empresas mudam de controlo sem OPA: a REN e a EDP agora chinesas, o BPI espanhol, ou melhor, catalão, e até na Galp quem mandava agora manda mais, pois havia uma concertação legalmente contratada. Coisas de advogado judiciário. Outras empresas lançam OPA, à briosa Brisa e à simpática Cimpor, mas Dário não ganha nada e ainda perde dividendos. E as obrigações perpétuas do BES e do BCP, que é feito, Dário? Dário pensava que "perpétuas" queria dizer "para sempre" mas elas já não existem; e que "obrigações" queria dizer "segurança", mas trocaram-nas por acções que valem menos de dois terços.

Dário, Dário, não desistas. Serás agora missionário. As empresas têm de ser salvas, elas e o empresário, e tu, no fundo, és um especulador da bolsa, tens o que mereces. Mesmo que te sintas um perfeito... como é que se diz? Qual é aquela palavra com seis letras que rima com minoritário?

Boicote à EDP no dia 25 abril....

... que circula na net...

É preciso mostrarmos a nossa indignação

Aos que não vivem em Portugal podem colaborar reenviando este mail a conhecidos/amigos de cá

PROPOSTA:

- No dia 25 de Abril de 2012, às 15:00, a nível nacional, vamos, todos nós consumidores domésticos, desligar TUDO durante uma hora (os nossos congeladores aguentam mais do que isso quando há uma "anomalia" na rede que
nos deixa sem energia e as baterias dos nossos portáteis também);


A EDP já teme os prejuízos desta medida na escala dos vários milhões de portugueses, que estão conscientes do abuso a que estão sujeitos.

CONTINUEM A PARTILHAR

A EDP mantém um nível de lucros totalmente incompatível com o estado do país e com os sacrifícios exigidos a todos nós.

A EDP tem mais poder que o Governo de Portugal e conseguiu (vá-se lá saber por que vias...) impedir uma medida que visava minorar os brutais aumentos da energia que se estão a verificar - e que vão, certamente, aumentar ainda
mais os ditos lucros.

A EDP mantém um monopólio (não de jure, mas de facto) uma vez que a concorrência não oferece aos consumidores domésticos (por exemplo) taxas bi-horárias.

PROPOSTA:

- Vamos repetir a acção até a EDP ter de nos PEDIR para parar com a coisa.
Na qualidade de bons cidadão, que todos somos, pararemos mas só se os preços forem ajustados de forma a que os lucros da EDP se acertem pelo razoável, pelo socialmente justo e pelo moralmente correcto.

Se gostarem da ideia, espalhem... Veremos no que dá.

Resposta à "tolerância zero"

... nas manifestações populares de celebração do dia da liberdade...

O dia do Povo...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Wrote by BBC News

1974: Rebels seize control of Portugal
Army rebels are in control of Portugal tonight after an almost bloodless dawn coup ended nearly 50 years of dictatorship.
Shortly after midnight, tanks rolled into the centre of Lisbon. The Salazar Bridge over the River Tagus was seized and the airport, radio and television centres were taken.
Troops armed with machineguns stormed the barracks where the Prime Minister, Dr Marcello Caetano, and several of his ministers had taken refuge.
The former deputy armed forces minister, General Antoniio de Spinola, received the surrender of the prime minister, who has now fled into exile to the Portuguese island of Madeira.
Restore civil liberties
By sunrise the Movement of the Armed Forces, or MFA, was in control. It issued an immediate proclamation appealing for calm and patriotism...

Um Abril diferente há 38 anos...

Há precisamente 38 anos...

Ouvir com atenção...

Sonhos bons...


Good Night

domingo, 22 de abril de 2012

Alguns dos sítios...

... por onde andei nos últimas 2 semanas...
Uma loja onde se encontra de tudo um pouco

Lavar a roupa...

Beleza tranquila...

Uma das casas recuperadas...

Almoçar a frente desta paisagem...

... ou encompanhado por este busto esquecido...

Passeio que vale pena acompanhar…

O regresso depois de uma ausência forçada…

… começa com uma crónica do João Quadros publicada no Negócios online, que li há dias…

"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses." Porque é que estes dados não me causam admiração?

Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado.
Eu explico. Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti... Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji.

Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc. Vamos lá ver.
Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai.

Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras... fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo.

A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar. Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem polvo marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de polvo marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca.
Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.

Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar...