terça-feira, 29 de outubro de 2013

Um poema que conheci alguns anos atrás…

Quando olho para mim não me percebo

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca propriamente reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Álvaro de Campos

sábado, 26 de outubro de 2013

Um artigo de opinião…

Água mole em pedra dura, enche a galinha o papo. (a BMW, a Sra. Merkel e a lixívia e a EDP)

Já sabe do caso pré-escandaloso do financiamento da vitoriosa CDU pela BMW, a propósito das passadas eleições da República Democrática Alemã? É uma peça de jornalismo magnífica, devo dizer, que - para infortúnio dos accionistas que detêm as empresas de média que fazem a agenda portuguesa - não foi por cá devidamente vendida. Têm razão aqueles que, a norte, nos tratam por frívolos: trata-se de um caso de protecção e privilégio de um sector da actividade industrial em detrimento de outros, de uma filosofia de construção - a alemã - em detrimento de outra - a francesa, por exemplo. Vamos lá falar de poder.

Parece que a famosa fábrica da Baviera - ou os seus donos ou accionistas ou lá o que são - decidiu doar uma pipa de massa, na ordem dos 690.000 euros, à CDU; a Sra. Merkel (que não mente, nem precisa, já que ninguém lhe pergunta nada) já admitiu a coisa, o que deve ter deixado alguns dos nossos patrícios descansados, sobretudo os do Governo. Daqui adianto: podem mesmo descansar todos, néscios do mundo, que não há quem meta estas "minudências" na agenda de uma vez por todas, para que se possa finalmente começar a falar de responsabilidade, de governo, de economia. Até lá, estes industriais do endividamento alheio vão continuar a mandar: numa altura em que a União Europeia se preparava para - em nome dos nossos pulmões, das nossas cidades e da onerosíssima política do automóvel particular - obrigar os fabricantes de automóveis a baixar as emissões, eis que surge este lobby, pressionando para protelar o prazo de tais medidas. Lobby?! Ai, desculpem, lobby, não: "potentado industrio-económico" e "colosso europeu", pois claro.

Em termos de poupanças em importações de petróleo para os países da União, estavam em causa 70 mil milhões de euros por ano, algo próximo do custo total do programa de resgate português; são números da consultora Cambridge Econometrics (diz a Reuters citada pelo "Público"). Sim, porque a nossa minorca tragédia não é nada comparada com a dimensão do real negócio que é o cinismo Europeu, promovido a farsa ardente pelos anónimos mercados e a opacidade doentia do comércio global. Com certeza que quem vende petróleo gosta cada vez mais de tudo isto; o problema é que "isto" somos "nós"; nós, endividados. A coisa está de tal ordem que ainda vamos ver os chineses da Geely (proprietária da Sueca Volvo) enervados à séria; nessa altura, quando virmos um homem de negócios chinês a dar lições de política ambiental a um "líder" europeu, perceberemos, de uma vez por todas, que a Europa é mesmo um saco de gatos, e que só poderia acabar alagada na tempestade que semeou.

Entretanto, a montante do problema do euro, na baixa Europa, corporações como a Daimler (detentora da Mercedes), estão obrigadas a puxar de toda a inteligência e poder de compra para manter a sua "corporate identity" intacta, entre suspeitas de promiscuidade político-empresarial na Grécia, cliente que em 2009, à porta da falência, comprou 6,7 mil milhões de euros de exportações alemãs. Um "fakelaki", em grego, é um envelope pequeno, usado para passar trocos escondidos para a mão de um médico ou de um polícia; "miza", por sua vez, é dinheiro que não cabe num envelope, grandes somas, sem as quais até há pouco não era possível aceder ao mundo dos negócios na economia grega. Veja no "link" abaixo a peça que o "Der Spiegel" publicou em Maio de 2010 e teça as suas considerações: de acordo com a "US Securities and Exchange Commission", e só para citar um exemplo, a fabricante alemã Daimler pagou "miza" ao longo dos últimos anos "para abrir caminho para a venda e entrega dos seus veículos na Grécia".

Nós por cá - que somos o país da União cujos cidadãos mais rendimento disponível têm de despender para pagar a luz - também temos o que os responsáveis pela agenda mediática continuam a achar que merecemos. "Há muita coisa que não deveríamos ter querido" admitiu, referindo-se às PPP rodoviárias, numa comissão parlamentar de inquérito, o ex-ministro das Obras Públicas, hoje Presidente da EDP. Pois claro, nada como puxar da vontade colectiva para justificar o escrúpulo duvidoso do ensejo e responsabilidade individuais; não, esta não é uma acusação, nem sequer uma insinuação. Como Merkel, a António Mexia basta-lhe admitir a verdade. E a política energética - central ao desenvolvimento económico do planeta - não é nunca para ali chamada.

Entretanto, exactamente no mesmo espaço económico, mas não necessariamente no mesmo espaço mediático, a classe média já não pode nem cheirar esse luxo, o de dizer a verdade. E enquanto não descamba o voto para a extrema-mentira, seguimos mentindo a nós mesmos, a fazer de conta que o ambiente não importa; regressamos à lixívia para poder lavar mais branco, mesmo que a baixas temperaturas e fugir do massacre dos monopólios. Água mole em pedra dura, enche a galinha o papo; grão a grão tanto dá, até que fura.
 
Nicolau do Vale Pais
 
 

 

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O objecto

Lembrei-me hoje deste poema que me foi 'apresentado' há alguns anos atrás…

Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa de um cão.

Quatro cacos são um copo
quatro latidos um cão.
Mas se forem de vidraça
e logo forem janela?
Mas se forem de pirraça
e logo forem cadela?

E se o copo for rachado?
E se o cão não tiver dono?
Não é um copo é um gato
não é um cão é um chato
que nos interrompe o sono.

E se o chato não for chato
e apenas cão sem coleira?
E se o copo for de sopa?
Não é um copo é um prato
não é um cão é literato
que anda sem eira nem beira
e não ganha para a roupa.

E se o prato for de merda
e o literato for de esquerda?
Parte-se o prato que é caco
mata-se o vate que é cão
e escreveremos então
parte prato  sape gato
vai-te vate   foge cão

Assim se chamam as coisas
pelo nome que elas são.

José Carlos Ary dos Santos
 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ISTO SERÁ MESMO NECESSÁRIO?

Foi neste dia, depois de ouvir o 1º ministro a dizer que o orçamento é ‘duro’, mas os funcionários públicos e os pensionistas ‘conseguem aguentar porque este ano não é mais difícil do que ano passado e não vão perder mais no próximo ano do que em 2013’, que li a carta que transcrevo aqui.  

E fiquei mais contente, pelo facto de existirem pessoas neste país, que sabem o que dizem…


Senhores Deputados,

Sabemos que, só a partir de 2003, começaram a ser tomadas medidas no sentido de tornar sustentável o sistema de aposentações da função pública, numa clara e pública confissão da incompetência dos sucessivos governos para encarar um problema que já era previsível nos fins da década de 80 (ver adiante)! Desde 2003, o “ataque” aos aposentados intensificou-se, nalguns casos com justificações aceitáveis.

Foi assim que a idade da aposentação e o tempo para a atingir se foi alterando e aumentando, ao mesmo tempo que as regras de cálculo das pensões eram também alteradas.

Acabou-se, e bem, com a possibilidade de um aposentado do Estado poder acumular a sua pensão com qualquer forma de remuneração atribuída por esse mesmo Estado. Chegou-se, porém, ao exagero de as gratificações, ou senhas de presença, por se ser membro de uma Comissão qualquer, prevista na lei, não poderem ser recebidas quando se é pensionista. Há, assim, aposentados a trabalhar em Comissões legalmente criadas, sem poderem sequer receber senhas de presença, por exemplo.

 A irresponsabilidade dos sucessivos governos acabou por nos levar à situação de dependência em que nos encontramos, com a obrigação de cumprir um Memorando de Entendimento que tem trazido a miséria a muitos portugueses. A convergência dos sistemas, público e privado de pensões, estava entre as medidas previstas no Memorando, não dando, contudo, indicações específicas sobre o modo de o fazer.

O atual governo demonstrou, há mais de um ano, em especial através do Primeiro-Ministro, uma propensão para lançar privados contra públicos e novos contra velhos, manifestando claramente uma aversão aos aposentados em geral (Contribuição Extraordinária de Solidariedade) e, de entre estes, aos da função pública. Não admira, portanto, que tente levar avante a sua ideia de penalizar estes últimos, através de uma proposta de legislação, aprovada em Setembro de 2013, que lhes retira, de um dia para o outro, uma parte considerável das suas pensões, sem qualquer preocupação com uma transição a que o Estado nos tem habituado.

Dir-se-á que, na situação em que o país se encontra, tal seria inevitável, mais tarde ou mais cedo. Mas não basta afirmar: é necessário provar.

Sejamos claros.

Não me custa, absolutamente nada, admitir que, numa situação de emergência, como a atual, o Estado se veja obrigado a quebrar algumas partes dos seus contratos e não faço disso um segredo.

Escandaliza-me muito, porém, que esse mesmo Estado ataque de maneira despudorada os que menos recebem, os desempregados e os doentes.

Escandaliza-me que esse Estado determine cortes, recorrendo ao fomento da discórdia entre gerações e entre diferentes grupos de trabalhadores.

Escandaliza-me que esse Estado “esqueça” a sua própria responsabilidade na situação criada e venha, agora, querer dar a entender que são os reformados e os funcionários públicos a origem de todos os males e os culpados pela situação, como se tivessem sido eles a elaborar as leis que os conduziram à condição de “privilegiados”.

Escandaliza-me que um Estado responsável admita, em nome de uma equidade que só ele entende, tratar os atuais funcionários públicos como uma classe a abater.

Aceito mal que, numa deriva de “tiro aos reformados”, esse Estado tenha até admitido a existência de uma “TSU” (aparentemente abandonada, por agora) com um valor não justificado, porque não sustentado em estudos, e, portanto, arbitrário, criando uma situação de desconfiança que, para além da injustiça a criar, pode gerar uma grave convulsão social.

Mas não devem restar dúvidas de que há desigualdades que importa diminuir ou eliminar, sendo a fórmula de cálculo das pensões dos atuais aposentados, que entraram para o Estado antes de 1993, uma das que deve ser discutida e encarada. A correção pode, ou não, ser a proposta e ser gradual. Tal depende da real situação das “finanças” da CGA, mas tendo muito em conta os constrangimentos que lhe têm sido impostos (por exemplo, não recebe subscritores desde 2005, creio eu).

Dito isto, é claro que considero saudável que essa discussão se faça e que sejam encontradas soluções que podem passar por um corte imediato ou progressivo, com a correção da fórmula de cálculo. Mas tal só deve ser feito após se esclarecerem algumas questões e se desfazerem algumas mentiras:

 1.  Afirma-se que a CGA está sem dinheiro para pagar pensões. Tal não é de espantar – o patrão Estado, só a partir de meados desta década, começou a pagar a sua parte, como fazem os privados, não podendo, por isso essa verba ter sido capitalizada quando tal ainda era possível; desde 2005 não há novos funcionários a descontar, pelo que, aumentando o número de aposentados, o sistema vai mirrando. Será que o governo será capaz de dizer isso aos contribuintes, isto é, que foi o Estado que criou esta situação?

2.  As regras da aposentação dos funcionários públicos têm vindo a ser apertadas (e bem) desde 2003, em mudanças sucessivas da lei, aproximando os regimes. Está o governo em condições de informar quanto já se “poupou” com estas alterações, por que razão elas ainda não chegam e o que foi feito do dinheiro? Suponho que sei, mas a maioria dos aposentados, que já sentiram as consequências das diferentes medidas, pensava que estas eram suficientes.
Se não eram, por que razão não lhes foi dito e explicado atempadamente, apanhando-os agora desprevenidos? E será que eram mesmo insuficientes? Ou aproveita-se a onda de cortes e põe-se tudo no mesmo saco? Não se trata de uma medida estrutural pois só durará enquanto eles vivem e não é de esperar que seja, em média, muito mais do que uma década.

3.  Tem o Primeiro-Ministro razão quando diz que descontámos para ter pensões (CGA e regime geral), mas não “estas pensões”. Na verdade, não é preciso ser cínico para dizer que era possível prever que tal iria acontecer – o Estado deixou de ser pessoa de bem há muito tempo e isso prova-se pelas malfeitorias que tem aplicado aos cidadãos, forçado, pela incompetência dos governos, a cortar nas despesas e a aumentar as receitas (estas são só algumas entre outras). No limite, se o Primeiro-Ministro não clarifica, a conclusão a que se pode chegar é que descontámos (os atuais aposentados e os que virão a aposentar-se) uma brutalidade para ter pensões não compatíveis com esses descontos. Quererá o Primeiro-Ministro explicar, se for esse o caso, que a sua intenção não era pôr novos contra velhos? Se não era, tiveram esse efeito.

4.  Na primeira parte da década de 90 (ou fim da década de 80!), o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, prevendo que se poderia chegar ao ponto a que chegámos (não tão grave, pois era precisa muita imaginação) propôs ao Governo que permitisse que se pudesse pôr, a título voluntário, um limite às pensões (neste caso dos membros das Universidades, pois só para isso tinham legitimidade), com a redução correspondente nos descontos, deixando a possibilidade de se poder, naturalmente, aderir a um sistema de seguro, ou algo semelhante. Concorde-se, ou não, com a proposta, verifica-se hoje que ela tinha a sua razão de ser e até já foi uma hipótese avançada por alguém do atual executivo (neste momento já é impossível sem riscos apreciáveis). O governo não viabilizou a proposta e, como tinha a faca e o queijo na mão, ficou tudo na mesma. Convém referir que, na altura, o sistema da CGA não tinha, de modo algum, um problema semelhante ao de hoje. Com a negação da hipótese, pelo governo, ficou, naturalmente a convicção de que o Estado asseguraria o cumprimento do que estava na lei, na altura. Vê-se! Alguém explica isto? Estou certo que ninguém quer falar do assunto.

5.  A situação do país é aquela que se sabe. A incompetência dos governos é a maior responsável por ela. Não se toca, ou toca-se a fingir, nas PPP’s e nas rendas elétricas. Poucos são responsabilizados pelos desmandos. Há, diz-se sem que seja negado, centenas ou milhares de milhões de euros que estão perdidos por negligência ou por ações criminosas. Vai buscar-se dinheiro sempre aos mesmos, “confiscando-lhes” a sua propriedade, mas não se cuida de o ir buscar a quem o terá subtraído.

Quererá o governo, em nome do Estado, pedir desculpa aos portugueses pelo descalabro? E mostrar a sua determinação em corrigir o rumo, sem se esconder numa putativa reforma do Estado?

Haverá, seguramente, mais perguntas a fazer. Porém, se tiver respostas a estas, e elas forem convincentes, dar-me-ei por minimamente esclarecido. Pelo menos, servir-me-ão de justificação para, sem grandes problemas de consciência, poder afirmar que a dita convergência gradual, ou imediata, tem sentido.

Até ter respostas, recuso-me a ser conivente com esta hipocrisia. Felizmente para mim, porque no meio desta miséria moral e material ainda sou dos menos prejudicados, não tomo esta atitude por temer que os cortes me venham a afetar irreversivelmente (repare-se que aceito o princípio). Tomo-a por entender que os princípios são mais importantes do que o dinheiro, e devem ser recordados por quem ainda tem a liberdade de os defender (os que foram levados ao limiar da pobreza estão muito limitados na sua liberdade de expressão).

Os direitos adquiridos não são todos sagrados, mas a confiança nas instituições que nos governam é (ou deveria ser). E só essa confiança legitima que alguns desses direitos sejam retirados. Ao que se constata, tudo está invertido: corta-se primeiro e depois quer-se legitimidade.

Já não é só incompetência – é estupidez, teimosia, miopia ou má-fé.

Resta-nos apelar para os deputados para que tenham a coragem de tornar este processo racional e inteligível, que é o que deles se espera, e porque o governo não o faz nem quer fazer. Por isso me dirijo a vós.

Virgílio Meira Soares

O fim de Win XP...

... chega dentro de 6 meses... Foi a melhor versão de sistema operativo da Microsoft!
Todos tem de migrar para Win7 ou 8. Segundo as estatísticas em Portugal, o Windows 7 tem atualmente uma presença em cerca de 58% dos PC's, o XP cerca de 11%, o Vista 9% e o Windows 8 anda nos 11%.

Se quiser saber quais as ...

... 5 grandes perguntas que a ciência ainda não respondeu… pode ler aqui
http://hypescience.com/5-grandes-perguntas-para-as-quais-a-ciencia-ainda-nao-tem-uma-resposta/

sábado, 12 de outubro de 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Agora a ilha é ainda mais pequena…

… e o ‘saldo’ foi-se na verdade…

Tem piada...

... mas é a triste realidade...
 

Sabia que…

… os homens têm o cérebro maior?! Isso significa que são mais inteligentes?

É verdade que o cérebro deles pesa mais 100 gramas do que das mulheres. É verdade também, que quando pedidos de dizer um número de telefone pela ordem contrária e depois pela ordem correcta, conseguem-no bem o que lhes dá mais 3.8 pontos de QI. Foi a conclusão duma equipa de investigação em 2006. Agora, outros investigadores confirmam que o cérebro das mulheres têm menos 8% de massa cinzenta, mas usam-na de uma forma mais eficiente, visto que os seus neurónios fazem mais conexões entre si.
Então em que é que ficamos?! Será que somos tão diferentes?